"Sei que nenhuma mulher jamais estudou mineralogia, pois as
mulheres não podem entrar na universidade de modo algum, mas isto não será
impedimento para mim! O que
acontecerá é que simplesmente serei a primeira a fazê-lo." Carta de 1816, alguns meses antes do casamento com D. Pedro
Ela jamais havia visto o mar. E o mundo jamais havia visto uma princesa
europeia cruzar os mares para desposar um monarca em solo americano. O
casamento era um ato político, e não um impulso sentimental. Casou-se por procuração com D. Pedro, em maio de 1817. Em 6 de novembro
de 1817, o casal recebeu a benção nupcial, no Rio de Janeiro, quando a princesa
desembarcou no Brasil, após 80 dias de viagem.
Uma mulher que, apesar de ter seu casamento arranjado como instrumento
de diplomacia e política entre dois impérios do século XIX, o austríaco dos
Habsburgo e o português de Bragança - como era de costume na época, contribuiu
de maneira definitiva para mudar a situação do Brasil da condição de colônia
portuguesa, ajudando a concebê-lo como Nação.
Leopoldina nasceu em Viena-Áustria, em 22 de janeiro de 1797. Ela perdeu
sua mãe aos dez anos de idade. Recebeu uma educação rígida, gostava muito de
ler e estudar ciências naturais, sobretudo, mineralogia, botânica, zoologia,
astronomia e física.
A partir de sua chegada, o Brasil começa a elaborar um imaginário de si
próprio... a abertura dos portos às nações amigas, a Missão Artística Francesa,
a Missão Científica Austríaca.
Uma defensora da monarquia absolutista, Leopoldina idealizou o processo
de independência do Brasil antes mesmo de D. Pedro.
Aos 24 anos de idade, no dia 2 de setembro de 1822, ela presidiu o
Conselho de Ministros que decidiu pela emancipação do Brasil, e que dias depois
culminaria com o ato simbólico de D. Pedro às margens do rio Ipiranga,
declarando a Independência. Essa
atribuição heroica dada ao príncipe regente, que deixa de lado o importante
papel de sua esposa.
Em carta ao pai meses após a Independência, Leopoldina se descreveu
“brasileira de coração”: ela foi a grande figura feminina da construção do
Brasil independente. Todos os símbolos estavam por criar: a coroa imperial, o
cetro, o manto, o novo brasão de armas, o hino composto pelo príncipe e a
bandeira, de cores escolhidas pela princesa – o verde dos Bragança e o amarelo
da casa Habsburgo, elegendo as cores imperiais como identidade nacional.
A exposição aborda o papel atuante da mulher no contexto político da
época....Leopoldina recebeu em agosto de 1826, uma comissão de senhoras baianas
que trouxe uma carta manifesto que representava 186 mulheres, da região do
recôncavo baiano, que a felicitavam pela parte por ela tomada nas decisões
patrióticas do príncipe regente, e também pela sua permanência no Brasil. Vale
lembrar, que tal decisão sentenciou sua permanência indeterminada na América, e
a total privação do convívio familiar até a sua morte.
Há muito a ser explorado sobre esta mulher...seus interesses...ela
adorava fazer longas cavalgadas ao Jardim Botânico, Cosme Velho, Botafogo.
Assim como tocava de forma exímia o pianoforte. Seus anseios, sonhos e
tristezas...
A infidelidade por parte de D. Pedro que a humilhou profundamente ao
levar a amante Domitila de Castro, a Marquesa de Santos, para ser sua dama de
companhia, e forçosamente viverem sob o mesmo teto.
Grávida, deprimida e doente, Leopoldina morreu sozinha como regente do
império brasileiro. Ela deixou cinco filhos, dentre eles, Dom Pedro II, o
futuro Imperador do Brasil, que mal havia completado 1 ano de idade.
No fim da vida, a depressão tomou conta da imperatriz que, além de tudo,
estava sem dinheiro. Ela contraiu dívidas com comerciantes para dar conta de
suas despesas enquanto Dom Pedro I, sovina, regulava até a despensa da casa e a
privava da mesada que seus familiares austríacos mandavam. Isso poderia
explicar porque a imperatriz foi enterrada praticamente sem joias, apenas com
um brinco simples e sem luxo, supostamente ornado por uma gota de resina, como
mostrou a exumação feita recentemente.
Mesmo com sua morte prematura, aos 29 anos e somente nove após sua
chegada aqui, Leopoldina inspirou o nome de ruas, cidades, estações de trem e
até mesmo escolas de samba. Seu nome ficou intimamente ligado ao Brasil e à
cidade do Rio de Janeiro.
Serviço:
http://www.museudeartedorio.org.br/
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