sexta-feira, 4 de junho de 2010

Fisterra, o fim da Terra


Quando parti em direção a Santiago de Compostela, minha real intenção era chegar ao final da Terra, ou seja, em Fisterra (pode ser também Finisterra). Esta mágica vila de pescadores foi durante muitos anos o final do caminho sagrado, e  foi trilhado por inúmeros povos, inclusive o celta.  Na antiguidade se acreditava que a Terra acabava onde hoje é o Farol, que o sol se apagava no mar e mais além, existiam monstros assustadores.  Mais tarde, se tornou o caminho "pagão".
Fisterra fica a cerca de 90 km de Santiago de Compostela, esta é a reta final para os peregrinos. A estrada  é tortuosa e linda, a cada curva um novo povoado com lindas praias, plantações, silos, feiras locais.....
Se você não quer seguir caminhando, e tampouco alugar um carro, saem ônibus diariamente de Santiago de Compostela com destino a Fisterra (http://www.monbus.es/). A chegada à pequena vila é engraçada, afinal é o final do caminho e você fica meio tonto para que lado seguir. Seguimos pela Rúa Real, onde fomos pedir informações em um bar que me apaixonei de cara, chama se A Galeria,  a decoração é feita por "souvenirs" e pequenos regalos deixados pelos visitantes. Uma música excelente me fez sentar e tomar una cerveza, afinal para que a pressa se já havíamos  chegado ao fim da Terra?!
Realmente, o bar é incrível, uma galeria que tem uns janelões que dão para o porto da cidade, e uma brisa fresca corta todo o estabelecimento. Música boa, boa cerveja, umas tapas e a simpatia de Roberto e  Silvia (que me regalou alguns cd´s maravilhosos, ela me apresentou a cantora Chimbao).
Bem, saímos já "alegrinhos" com as cervejas e encontramos um hotel bastante honesto e limpo (Casa Velay www.finisterrae.com/casavelay), nosso quarto dava de frente para a praia, uma beleza. Depois que nos livramos dos mochilões fomos passear pela cidade, seguimos  até o porto e ficamos curtindo a paz daquele lugar. Descobrimos que durante o verão, todos os dias por volta das 19h, os peregrinos seguem caminhando até o Farol (que foi construído em 1853 e protege uma das costas mais perigosas, é o farol mais ocidental da Europa), onde fica realmente o final do caminho. A caminhada é simplesmente linda, são 4 km em uma estrada sinuosa a beira mar, e que é percorrida por muitas pessoas, que parecem felizes e realizadas, apesar de cansadas. Lá, os caminhantes recém chegados fazem o ritual de queimar peças de roupas usadas durante a peregrinação, emocionante. As pessoas começam a chegar, e vão buscando pontos para aguardar o pôr do sol. A dica é levar um vinho, uma água, um sanduiche e ficar lá curtindo toda aquela magia.  O pôr do sol acontece por volta das 22h, e todos parecem ficar em sintonia com o Universo, e aplaudem o divino espetáculo. É bom levar um casaco, pois assim que o sol se vai, bate um friozinho.
A comida da Galícia já é famosa, carnes, peixes e frutos do mar, proporcionam uma explosão de sabores para todos os gostos. Descobrimos o restaurante A Palaxa que fica Calle Puerto, vale conferir.
Na praia da Ribeira existe o Castelo de San Carlos, onde hoje é um museu do mar. Outro atrativo?.... As lindas praias de Langosteira, Sardiñero, Mar de Fora e Rostro ( a mais selvagem, uma trilha imperdível).
 Encontramos  uma senhora peregrina, uma  italiana e devia ter uns 65 anos, que  definiu Finisterra como o caminho do core, ou seja, o caminho do coração.
Concordo plenamente!

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