segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Cineteca do México - Um Exemplo...




Enquanto a Cinemateca Brasileira, em São Paulo vive grave crise financeira há anos com suas duas salas, e a Cinemateca do MAM no Rio sofre com a localização, a Cineteca do México surge como exemplo a ser seguido. Alejandro Pelayo, seu diretor, veio a Brasília falar sobre coproduções, mas encantou produtores e diretores com os números da instituição.
Criada há 40 anos, a Cineteca mexicana começou com duas salas e, depois de um incêndio que destruiu boa parte do seu arquivo, mudou de endereço, foi se ampliando e hoje conta com dez salas no bairro de Coyoacán, mais conhecido pelos turistas como a região do Museu Frida Kahlo.
Com um total de 2.300 lugares, a Cineteca recebe uma média de 100 mil espectadores por mês - somando um público de 1,2 milhão no ano. A ocupação das salas à noite, nas sessões após as 18h, gira em torno de 85%.
A programação variada alinha filmes clássicos e contemporâneos, ficções e documentários, com uma ênfase especial nos filmes latinos. Ao lado de retrospectivas do canadense Atom Egoyan ou do japonês Kenji Mizoguchi, é possível ver o documentário O sal da terra, de Wim Wenders, sobre o brasileiro Sebastião Salgado (20 mil espectadores em três meses em cartaz apenas na Cineteca) ou o hit argentino Relatos selvagens. A Cineteca ainda programa de dez a 15 festivais de cinema contemporâneo por ano, em parceria com produtoras mexicanas, além de cursos e debates.

A força dos latinos
“O curioso é que praticamente todos os filmes latinos que estreamos vão melhor na Cineteca do que em qualquer outra sala comercial do país. Foi o que aconteceu com Relatos, lançado em outras 30 salas”, diz Pelayo. “Entendemos que não adianta obrigar uma sala comercial a mostrar os filmes que passamos. As pessoas se acostumaram a procurar certo tipo de filme em nosso cinema”.
Segundo o diretor, três fatores maiores explicam o sucesso da Cineteca. O primeiro e mais forte é o preço do ingresso - um terço do valor praticado no circuito comercial mexicano. O segundo é a qualidade - todas as dez salas hoje já estão digitalizadas, e permitem exibir filmes tanto em DCP quanto na antiga película 35mm, caso dos 50 mil filmes preservados na instituição. “Como temos dez salas, sentimos o mesmo efeito do multiplex de shopping: quando um filme está lotado, o espectador acaba ficando e escolhendo outro filme”, diz o diretor. O terceiro é a renovação dos espectadores - segundo um levantamento da Cineteca, 70% do público é formado por jovens entre 18 e 25 anos.

Thiago Stivaletti, de Brasília*
Fonte: Filme B




 

Nenhum comentário:

Postar um comentário